Editada
pela Abril, Realidade é certamente
a mais aclamada revista brasileira de reportagens.
Lançada em abril de 1966, dois anos após
o golpe militar, seguia a tendência do new
journalism norte-americano no qual o repórter
procurava vivenciar a situação e escrevia
de maneira mais literária.
Era encabeçada
por Paulo Patarra, redator-chefe, e Sérgio
de Souza, editor de texto, que ficariam na revista
até o final de 1968, quando é decretado
o AI-5, e seriam responsáveis por sua melhor
fase.
Mensal,
a revista não fazia coberturas nem utilizava
expedientes comuns a periódicos mais ágeis
como jornais diários ou revistas semanais.
Realidade mergulhava em reportagens de
fôlego e privilegiava matérias sobre
comportamento, saúde, ciência e religião,
sempre provocando o debate sobre temas tabus.
No
primeiro número, trazia na capa o jogador
Pelé sorrindo e tendo na cabeça o
busby usado pelos guardas da Rainha Elizabeth.
Era uma alusão à possibilidade (não
realizada) de o Brasil vir a ser tri-campeão
na Copa da Inglaterra, que aconteceria naquele ano.
A
possibilidade de uma viagem à Lua, uma longa
narração de Carlos Lacerda sobre as
revoluções brasileiras, a atuação
dos pracinhas brasileiros em São Domingos
e um depoimento da atriz Ingrid Thulin sobre como
o sexo e o amor eram vistos pelas suecas eram outros
destaques da primeira edição.
Curiosidades:
No final de 1965, foram impressos cinco mil exemplares
de uma edição experimental de Realidade,
distribuída entre autoridades, anunciantes
e um grupo de leitores em potencial.
No
primeiro número, com Pelé, havia um
anúncio da própria revista, na página
7, no qual se lia: “Infelizmente esgotou-se
o primeiro número de Realidade”. É
bem possível que isso aconteça, dentro
de poucos dias. Portanto, depois de ler êste
exemplar, guarde-o com cuidado. E guarde os outros,
de todos os meses, para formar a coleção
de REALIDADE. Ou você ainda não havia
pensado em colecionar a mais importante revista
brasileira?
|